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Sadismo e Masoquismo

Atualizado: 23 de fev. de 2023



"[..] desde o início, Freud dá por garantido que não há nenhuma parte do trajeto da pulsão que possa ser separado de seu balanço, de sua reversão fundamental, de seu caráter circular. "


Jacques Lacan (Rangel, 2010, p. 29)


Em outras palavras, polaridades opostas coexistem e a ambivalência faz parte da natureza humana. Neste tema podemos afirmar: onde há sadismo, há masoquismo.

Sadomasoquismo

De acordo com o DSM IV: “a característica essencial do sadismo implica atos (reais e não simulados) em que o sofrimento físico e psicológico (incluindo humilhação) da vítima é sexualmente excitante. (…) Em todos os casos, é o sofrimento da vítima que produz excitação sexual.” No que se refere ao masoquismo, diz: “a característica essencial do masoquismo sexual consiste no ato (real e não simulado) de ser humilhado, golpeado, atado ou qualquer outro tipo de sofrimento.”


Tal visão advinda de um modelo biomédico acaba por ser reducionista, não somente inserindo o sadismo e o masoquismo na classe das parafilias, de modo que faz parecer que seu caráter é apenas sexual, como analisa o fenômeno de modo categorial e vê o sadismo e o masoquismo como entidades separadas e complementares.


Originalmente, os termos sadismo e masoquismo vieram de obras literárias, refletindo realidades vividas, respetivamente do marquês de Sade e Sacher-Masoch. A proposta de Sacher-Mascoh é de um amor que leva consigo a dissolução de si como uma forma de oferecer-se ao outro, como uma forma de amar que implica uma escravidão voluntária, ao passo que a obra do Marquês de Sade é marcada pela revolta aos padrões, dogmas, morais e ideologias que imperavam na altura. Marquês de Sade foi um padre e em seus textos revela certa agressividade aos constrangimentos da carne e dos prazeres, de modo que enaltece o corpo e o prazer em vida em oposição ao sacrifício em nome de uma santidade póstuma.


Tal revela a complexidade do sadomasoquismo, envolto em valores pessoais e morais e não considerado somente como uma questão de excitação em torno das dimensões dor-prazer. Para os compreender, torna-se essencial também refletir as emoções básicas com que um indivíduo se relaciona com os outros e com o mundo, trazendo os dipolos amor e ódio, também presentes nos maiores dilemas humanos sobre os quais se configura a existência, a dualidade e busca de equilíbrio entre liberdade e segurança, intimidade e independência, altruísmo e egoísmo, caos e paraíso e, em sua máxima, vida e morte. O ato de dissolver-se no outro a ponto de perder a identidade faz remeter à morte em vida, o sacrifício por um ideal maior que, no caso, seria o amor ao outro, assim como o desejo de aniquilação do outro para sentir-se desejado também alude a questões narcísicas, isto é, sobre a própria existência, identidade e valorização e legitimidade desta. Ambos, sádico e masoquista, se configuram em padrões daqueles que não foram narcisados, isto é, amados, valorizados e reconhecidos suficientemente durante a infância e ao longo da vida.


É impossível não pensar nestas questões também sem fazer alusão ao cristianismo, cujo maior exemplo de amor, representado pela figura de Jesus Cristo, foi daquele que se sacrificou. A moral cristã, influenciadora nas práticas, costumes, ideologias, morais e infiltrada também nas produções literárias, académicas e científicas acaba também, em seu discurso, por criar subjetividades, desejos e medos. Diferentes áreas de conhecimento produzem diferentes saberes acerca da realidade, construindo assim, nos seus discursos, diferentes perspectivas e junto delas, conceitos e práticas que, por sua vez, como visto em Boesch (1997), em diferentes graus de aceitação/adaptação e relação dos sujeitos com as mesmas, produzem diferentes relações afetivo-cognitivas e logo subjetividades. Há toda uma complexidade na vivência emocional e relacional dos sujeitos, podendo esta melhor ser compreendida como advinda de padrões de relação aprendidos (na infância) e repetidos (em relações posteriores) dentro de um contexto histórico-cultural.


Em 1915, Freud, considera o sadismo e o masoquismo como duas faces da mesma moeda, em que impulsos de destruição e agressividade podem ser dirigidos ora para si mesmo, ora para o outro. Tal pode ser pensando em conjunto com muitas outras facetas do homem inserido culturalmente, de certa forma que pode-se compreender aparentes opostos como tese e antítese que acabam por passar por um processo de síntese, estando em constante dialética em busca de equilíbrio. O domínio e poder sobre o outro, assim como a submissão também pode ser visto em fenômenos como movimentos políticos, sociais, culturais e pessoais. Apenas para dar uma exemplificação, por uma necessidade de controlo da própria realidade, quando esta pode parecer opressora (tal como o padre marquês de sade ao reprimir seus desejos sexuais), um pode tornar-se o ditador, seja de si mesmo, seja de outrem. Podemos ver tais fenômenos nos tipos de caráter em Reich (1946) e na análise do fascismo, onde a própria estrutura social opressora, hierárquica e com um modelo educativo disciplinar e austero acaba por criar personalidades com necessidades semelhantes ao exigido por protagonistas fascistas. O filho do fascista pode tornar-se fascista na medida em que se identifica com o agressor e, de alguma forma, o desculpabiliza ou, pode tornar-se um revolucionário tendo a quebra agressiva com o seu agressor ao reconhecer que não quer viver ou que os outros vivam o sofrimento que já vivenciou. Outro exemplo, mais a nível individual, seria a anorexia, onde após vivências onde há falta de controlo e autonomia ( em grande parte no meio familiar), um inicia grande auto- punição em nome de regras e controlos pessoais, quase como uma “autoditadura”; é comum a reviravolta da situação para tornar-se um caso de compulsão alimentar. Há sempre uma busca de equilíbrio, onde, como dito por Freud,(1916) “Todo excesso esconde uma falta”.


Em outros estudos, Freud também revela que o masoquismo se dá na esfera da necessidade de ser reconhecido, na medida em que se identifica com aquele que sofre e é punido por ser importante para alguém e, logo, que existe. Para tal, um indivíduo tem de ter experienciado relações pautadas por alguma violência, a reproduzir este padrão porque aprendeu que o sacrifício, a dor e o autoaniquilamento são inerentes ao amar e ser amado. Um exemplo, uma frase com que infelizmente muitas pessoas são familiarizadas: "só te bato porque te amo, é pro seu bem" ou "só há certo abuso porque te amo". No sadomasoquismo, o ato sádico pode ser tanto uma agressão ao outro, rival o qual lhe pode desestabilizar e com quem há uma certa relação, como também um reconhecimento do outro por existir e uma identificação de si no outro, por saber estar a lhe infringir aquilo que gostaria que fosse infringido a si próprio ou que, acredita merecer. O sádico por vezes infringe dor no outro, de acordo com suas ordens e regras, a ver-se como observador de que é possível haver gozo na submissão, a tentar buscar compreensões e prazer na sua própria história de opressão. Há grande projeção no sadomasoquismo, onde muitas vezes o ato de ferir é acompanhado do desejo e culpabilidade, da idéia de precisar de ser punido e fere ao identificar-se com o outro, assim como muitas vezes o masoquismo, também em torno da culpabilidade, pode refletir o desejo de destruir ao outro e logo identifica-se com este, vira escravo deste e funde-se neste até que passe a existir no outro. Em ambos, cada um à sua maneira, há o desejo de tornar-se objeto de desejo do outro. Lacan (1963, como citado em Nahra, 2005, p.223) também se propôs a pensar sobre o sadomasoquismo, definindo o masoquista como alguém que procura no outro as respostas para sua angústia e o sádico como alguém que exige a angústia do outro. Ainda, para além do sadomasoquimo como vivência relacional oriunda de vinculações primárias traumáticas, há pessoas que podem escolher fechar-se sobre si mesmas, evitar relações ou as viver de modo superficial como meio a fugir deste registo. Outras, no entanto, não evitam, mas buscam modificar o seu registo relacional através do autoconhecimento e reflexão, bases da psicoterpia.


Na contemporaneidade, emerge uma subcultura denominada por BDSM (Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão e Sadomasoquismo). Aproximações para compreender tais vivências, não reduzindo o fenómeno, como já referenciado, à uma perversão sexual, doença mental ou práticas circunscritas a dor, o analisam sobre a construção pessoal e social consentida daqueles que a praticam, podendo ser vivenciado de diferentes formas e ter diversos significados. O comportamento é visto como primordialmente marcado pelo simbolismo e pela fantasia.


O termo BDSM já em si foge ao reducionismo dos pares de opostos sadismo e masoquismo, a incluir as esferas das motivações psicológicas e buscando distinguir entre seus diferentes componentes.


“(a) Bondage e disciplina (B/D): envolve a retenção física e/ou representações de dinâmicas de poder, podendo haver alguma punição física mas enquanto expressão de disciplina sexual psicológica e não com o objetivo de causar dor;

(b) Dominação e Submissão (D/s): inclui uma variedade de comportamentos sexuais que envolvem troca de poder consensual entre parceiros podendo ou não incluir outro tipo de atividades;

(c) Sadismo e Masoquismo (S/M): comportamentos e atividades sexuais que incluem experiências sensoriais envolvendo dor ou ameaça de dor física ou psicológica. “

(Mota, 2011, p.1)


Quem têm estas práticas visa vivenciar uma fantasia, consensual com o parceiro, de modo que seja prazeroso. Práticas que fogem à tal consenso, tornando-se abusivas são as que poderiam ser consideradas como patológicas e perversas. Entretanto, o abusivo ou o perverso depende sempre da visão e interpretação daquele que vivencia, pois para um observador, a experiência de dor lhe pode parecer presente na ação quando, muitas vezes, esta é experienciado enquanto prazer para o praticante.


Ao envolver a dominação, a submissão e a dor, é a negociação de poder que demarca a diferença entre o jogo erótico consensual e o abuso (Langdridge & Butt, 2005) e, por isso, os participantes discutem entre si os limites da interação e a forma como ambos desfrutarão da experiência. Frisemos ainda que a coerção e a humilhação são cuidadosamente construídas num esforço para inverter a “etiologia traumática”, isto é, nunca produzindo uma verdadeira humilhação, mas somente uma imitação desta. (Stoller 1991 cit in Weille, 2002).”

(Mota, 2011, p.12 )


Para além disso é essencial ressaltar que o BDSM nem sempre ocorre em contexto sexual, podendo tomar diferentes formas as quais são construídas pelos participantes.


“Para Califia (1979), o BDSM pode ser melhor entendido como uma troca erotizada de poder. A fundamentação não seria a imposição da dor, sendo esta apenas um meio, uma ferramenta para delinear o poder e o status. De facto, a ideia de que é na troca de poder que reside o principal elemento do sadomasoquismo (Townsend, 1983 cit in Haymore, 2002) e também é partilhada por vários praticantes que relatam que é a troca de poder consensual que é erótica e que a dor é apenas um meio para atingir essa troca (Moser, 1999). Por troca de poder erótica entenda-se qualquer situação em que os parceiros de livre vontade e opção própria incorporam o poder na sua relação sexual” (Fetish Information Exchange, 2002 cit in Langdridge & Butt, 2005).”


(Mota 2011, p.10)


Desta forma, o BDSM pode ser também visto enquanto um estilo de vida, em que a sexualidade BDSM é apenas uma variável, mas também com o mesmo fim de estabelecer jogos de poder e experimentar diferentes papéis. Entretanto, acredito que, em muitas relações abusivas, pode haver confusões quanto à natureza do BDSM, havendo muitas vezes, manipulação também por parte dos media e da indústria pornográfica. Desta forma, na subcultura BDSM, em meios de comunicação e encontro de seus membros, há também redes de suporte e oferecimento de locais seguros para as práticas, estruturando também “safe words” em caso de necessidade. Cada caso é um caso e acredito ser necessário saber de onde vem a necessidade de dominação ou submissão e com que propósitos para que se possa compreender a expressão deste comportamento como compulsão à repetição de padrão disfuncional ou como mera experimentação e jogos de poder.


Muitos estudos foram realizados, comparando sadomasoquistas consensuais com a população normativa em diferentes dimensões, tais escalas de perturbações de ansiedade, obsessão-compulsão, de identidade e de personalidade, não tendo sido averiguadas diferenças significativas, com exceção de maior número de histriônicos e narcisistas na população BDSM. Alguns buscam explicar esta diferença por meio do caráter fetichista e exibicionista presentes nas sessões e festas. Ao meu ver, podem haver explicações mais profundas para tais diferenças, tal a angústia do narcisista, visando sua grandiosidade por não poder ter sido narcisado, de modo que o BDSM poderia lhe servir como oportunidade de controlo e descarga àqueles que inicialmente não o narcisaram (de forma simplificada, não o permitiram se sentir completo e o centro das atenções quando criança), assim como para o histriónico, a relação pode se pautar também pela mera sedução e controlo do outro pela via erótica, vendo-se valorizado apens pela via sexual e não como um indivíduo em si (também não foi narcisado). Pode haver muita manipulação também nessas relações, de modo que o caráter “consensual” possa ser reinterpretado e relativizado e alguns contextos.


Outro fator a ser considerado seriam as preferências de homens e mulheres para certos papéis empenhados, de modo que, não isolados da sociedade, refletem construções sociais que possam ser aceites por muitos, no entanto não sendo saudáveis. Ao que me refiro é à existência de uma sociedade machista e patriarcal, a qual em seus discursos e práticas, acaba por gerar desejos, angústias, subjetividades e também patologias. No meio BDSM, é comum que as mulheres optem por papéis de humilhação e submissão, ao passo que os homens assumam papéis associados à hipermasculinidade e dominação. Acredito, que só pela dominação ser um valor, infelizmente, ainda muito assimilado de modo conformista pela população, não faz com que relações pautadas na troca de poder e ainda, a afirmar hierarquias sociais opressoras, sejam saudáveis.


“Na revisão efetuada, encontramos, também, estudos que analisaram a ligação entre o comportamento BDSMer e práticas sexuais forçadas. Moser (2002 cit in Nichols, 2006) afirma que não há nenhuma evidência de que o interesse pelo BDSM decorra de abusos sexuais praticados na infância. Por sua vez, na investigação de Nordling, Sandnabba e Santtila (2000), 22.7% das mulheres e 7.9% dos homens reportaram abuso sexual na infância.”

(Mota, 2011, p. 91)

A meu ver, 22,7% é uma taxa altíssima e acredito que na complexidade desta temática, tanto a completa despatologização, assim como a patologização são caminhos erróneos, de modo que acredito que as expectativas e motivações devam ser levadas em consideração para compreender as relações BDSM.


O BDSM também pode ser visto para uns como meramente sexual e experimentação dentro de uma sexualidade “normativa”, enquanto que para outros, como uma forma de ser que está em confluência com tendências “naturais”. No estudo de Mota (2011) com entrevistas, é visto que dominadores podem se identificar enquanto dominadores em outros aspetos da vida, assim como os submissos. Desta forma, a sexualidade neste sentido poderia ser expressão também de um modo de estar disfuncional, onde imperou o excesso ou a falta de autonomia e necessidade de controlo. Em alguns estudos, como de Araújo, Chatelard, Carvalho e Viana (2016), ao analisar comportamentos autodestrutivos, acaba por também tratar de relações com o masoquismo. Menninger (1966) descreveu a automutilação como contendo três elementos essenciais: Agressão voltada para o interior, que frequentemente é sentida em relação a um objeto exterior de amor-ódio, geralmente um dos pais; estimulação como uma função sexual( pode ser a expressão de culpabilidade diante de parte não aceite da própria sexualidade) ou puramente física; e uma função autopunitiva que permite que a pessoa compense ou “pague” por um “pecado” de natureza agressiva ou sexual. Coimbra de Matos (1983) também menciona a submissão, a depressão e o masoquismo como um super investimento e idealização do outro associados à repressão da agressividade e revolta que originalmente sentiam daqueles (pais) que não o puderam investir enquanto objeto passível de amor e de cuidado. É na servitude ao outro que se pretende, ser “merecedor” do amor. A inversão revolucionária (autoconhecimento, assimilação, elaboração e restauro de equilíbrio) ou a inversão “vingativa” na depressão masoquista ocorre, também para este autor, quando aquele que submeteu-se ao outro, anulando-se, reconhece que aquilo que acreditava ser o seu altruísmo já era o ato de calar-se e permitir-se ser abusado e que aquilo que ele considerava por egoísta, era meramente uma atitude de necessidade de auto reconhecimento e de amor próprio.


Por esta lógica, pode-se verificar que haja diferenças profundas entre aqueles que se identificam com o BDSM e suas posturas em vários contextos da realidade e aqueles que o utilizam apenas como mais uma variável de prática sexual e entretenimento. Há também a manipulação agressivo-passiva, muito presente em algumas personalidades do cluster B do DSM (borderlines, histriónicos, narcisistas) de modo que põe-se na posição eterna de sofredor de modo que justifiquem seus abusos sobre os outros. Há, como apresentado ao início desta revisão, um grande dilema entre agredir e ser agredido, submeter-se ou dominar-se. A questão é, em que contexto, com que significado.


Afinal, na psicologia, cada caso é um caso.



Referências Bibliográficas

Araújo, J., Chatelard, D., Carvalho, I., & Viana, T. (2016). O corpo na dor: automutilação, masoquismo e pulsão. Estilos Da Cíinica, 21(2), 497-515. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v21i2p497-515


Boesch, E. E. (1997) Reasons for a Symbolic Concept of Action. Culture & Psychology, 3(3), 423-431.


Freud, S. (1916). Conferências Introdutórias à Psicanálise (1916-17). Conferências XXVII, XXVIII. In: Obras Completas, vol.5 Rio de Janeiro. Imago, 1976.


Matos, A. C. D. (1983). Textos sobre narcisismo, depressão e masoquismo. Análise psicológica, 3, 409-424.


Menninger, K. (1966). Man against himself. New York, NY: Harcourt Brace Jovanovich Publishers. (Trabalho original publicado em 1938).


Mota, A. M. V. (2011). Para além da dor: fantasias de prazer, poder e entrega. Um estudo sobre bondage e disciplina, dominação e submissão e sadomasoquismo.


Nahra, C. (2005). A morality for the third millennium (prostitution, homosexuality and sadomasochism in the light of Kant and Mill). (Tese de Doutoramento). England: University of Essex.


Rangel, L. (2010). El sadomasoquismo: una estructura circular. En-claves del pensamiento, 4(8), 29-43.


Reich. W. (1946). Psicologia de massa do fascismo. São Paulo: Martins Fontes. Cap. A ideologia autoritária da família na psicologia de massas do fascismo. (Original publicado em 1933, revisado e ampliado em 1946).



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