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Natureza Mãe e Filho

Atualizado: 27 de ago.

Um poema baseado na teoria psicanalítica de Mélanie Klein



Obra: "A Mãe e o Filho" de Gustav Klimt (1905)


Natureza Mãe e Filho


Em sua aflição,

Contida num pequeno corpo,

Ainda sem coesão,

Enrola-se e chupa o dedo,

A criança pequena,

De muito tem medo.


É um medo inconsciente

De quem sabe ter muito a perder,

A iniciar pelo acolhimento da mãe,

Que com o tempo vem a decrescer.

Depois do acolhimento simbiótico,

Da fusão com a mãe,

Inicia-se a separação,

Num ambiente nada amniótico,

Faz-se necessária a individuação.

Também a angústia de não nos sabermos completos,

Para quem já experimentou aquele incondicional afeto.

Nenhuma conexão garantida,

Há muitas mentes divergentes,

Embala-se à deriva.

Mas a reconciliação não mente,

Da posição esquizo-paranóide,

Alcança a melancólico-depressiva

E com ela,

As condições de se saber UM na vida.

Conforme se cresce vêm novos desafios,

Explorações e conhecimentos,

Mas de cada alento intelectual,

Torna-se mais difícil o riso.

Pois quem come de um fruto do conhecimento,

É sempre expulso de algum paraíso.


Queremos retornar,

Buscar o conforto da união.

Alguns em Deus,

Outros na Fraternidade,

Outros em Romances,

Numa nova genialidade.


Mas o que toda alma humana busca é fundir-se e não ter de viver na dualidade.

Apenas fluir,

Além do bom e do mal,

Da morte e da vida,

Como uma divindade,

Deixar um legado eterno na mortalidade.

E uma vida feliz,

Repleta de encontros nos quais a separação foi reduzida,

Assim a curar,

A inicial ferida.


Ana Lúcia Martins Senise




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