Bem, o que é escrever se não um brincar, um elaborar?
A criança que se debruça sobre peças, horas a fio em nome de construir algo que lhe agrada é atemporal; busca tanto um sentido e um certo poder no construir, explorar e no seu modificar do mundo, como aquele que escreve para melhor compreender o que sente e as vicissitudes de suas experiências.
O brincar muda a proposta da brincadeira, vai se vendo, experimentando.
O escrever muda aquilo que seria inicialmente descarregado, a cada novo significante, isto é, palavra, novas associações são feitas e, assim, têm-se sempre um novo significado. Uma pessoa escreve sobre a dor que sente de tal forma que passa a sentir, visceralmente, a dor conforme os significados que dela tece. Uma pessoa pode ainda escrever e exaltar o amor de tal maneira que interioriza a disposição em sua forma de amar. Uma pessoa ainda pode escrever sobre situações vividas para depois recordar, recordação que seria não meramente de acontecimentos, mas da mentalidade e forma de estar que se tinha, expressa na linguagem utilizada, nos pensamentos expressos e emoções descritas e enfatizadas.
Pôr em palavras: uma forma reduzida e simplificada, mas de certa forma organizada, que torna mais palpável e credível todo um tumultuoso ciclo de emoções, memórias e imagens tão complexas que incompreensíveis. O ato de escrever tem um grande efeito terapêutico, ao pausarmos, refletirmos e tentar expressar em palavras aquilo que ainda não compreendemos bem. Escrever pode auxiliar a dar um sentido e uma orientação para o que se experiencia.
Júbilo ao brincar, ao escrever, ao integrar o fragmentado e se ver uno em uma experiência que, embora fantástica, possível. Imaginário este Ego, somatória de diferentes combinações que o unem em uma narrativa.
O que escrever e fazer do Real a cada instante?
Sei que não se é sozinho que se aprende a viver.
Para sonhar é necessário em conjunto histórias tecer e acredito que aquilo que foi mais emocionado, mais intensificado, mais catártico, merece elaboração para um legado.
A poesia é a fundação do ser pela palavra, como já dizia o filósofo Heidegger.
Ana Lúcia Senise
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