O desenhar é um ato de criação, podendo ter uma natureza realista, figurativa, abstrata, entre outros formatos que cabe àquele que desenha escolher na sua produção. Muitas vezes, o estilo do desenho é planeado de antemão, outras, emerge e se modifica durante o próprio processo de criação. Entre aquilo que o desenho é, como pode ser e o que é possível de se fazer, ocorrem flutuações do desejo e das apreensões estéticas e sensoriais diante destas reflexões emergentes do processo de criação.
Como o seu desenho lhe parece? Demasiado detalhado ou faltando detalhe? Que figuras adicionar, retirar ou modificar? Que cores faltam? Há uma constante apreciação e transformação.
A criação de um projeto artístico em muito se assemelha ao fazer-se na vida e à compreensão e construção da própria identidade, na medida em que nos observamos, apreciamos e qualificamos conforme as diferenças entre aquilo que se é, o que se pode ser e o que é possível dados os nossos recursos e materiais. O desenhar assim, pode ser terapêutico, auxiliando não somente na tranquilização, como também, muitas vezes, na elaboração de pensamentos e sentimentos. Os desenhos ainda, tratando-se de expressões influenciadas por estados emocionais e contendo em si conteúdo projetivo quando realizados livremente, podem servir enquanto material tanto para o autoconhecimento como para o expressar daquilo que pode ser indizível.
Não há desenhos bons ou maus quando trata-se dos seus fins terapêuticos e não de propostas e observações técnicas e teóricas. Cada um expressa, em certo momento, plasticamente aquilo que lhe cabe, o que lhe flui. Um desenho feito livremente é uma arte muito singular.
Desenhar ainda é acessível, basta um lápis, uma caneta e uma folha de papel. Que não seja pelos materiais ou desconhecimento de técnicas que um se iniba a experimentar e explorar.
Vá lá, desenhe e expresse!
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